Juventude em pauta

No próximo final de semana acontece, em Brasília, a 2ª Conferência Nacional da Juventude. Sob o tema: “Conquistar direitos, desenvolver o Brasil!”, o evento tem por objetivo a aprovação do Plano Nacional e Estatuto da Juventude, além da discussão de políticas públicas voltadas aos jovens.

Mas por que, nos últimos tempos, tanto se tem discutido em torno das políticas públicas para a juventude?
Não é atual o fato de a sociedade atribuir o “futuro do país” à juventude. A participação dos jovens na política, principalmente nos movimentos universitários, sempre se deu de forma inflamada, promovendo mudanças no pensamento conservador, reformas na educação e enfrentamento contra o Estado. As lutas por liberdade e democracia à época do golpe militar de 1964, o “Movimento das Diretas Já”, o “Movimento dos caras-pintadas”- pelo impeachment de Fernando Collor de Melo – demonstraram a força do protagonismo juvenil junto às lutas sociais, em defesa de suas ideologias, suas bandeiras.
Infelizmente, desde então, temos vivenciado um quadro um tanto diferente. Ocorre que a juventude tem deixado de ser protagonista de uma história, para tornar-se mera espectadora. O Brasil acompanha um processo de grande desmotivação do jovem pela política. Salvo raras exceções, a falta de interesse é irrefutável, e a generalização da política como sendo corrupta, antiética e ineficaz, acaba por amplificar a aversão da juventude pela política. Uma cultura alienante, agregada à falta de personalidade da juventude tornou-a frágil, alvo fácil para a imposição de ideologias deturpadas, limitadas.
Será que todo jovem é problemático? Será que todo jovem é viciado em drogas, traficante, ou marginal? Absolutamente. Temos muitos jovens despontando como grandes empresários, excelentes profissionais, e até mesmo grandes políticos. Pouco a pouco a crítica começa a ressurgir, o jovem questionador parece querer voltar, e sair às ruas para protestar, reivindicar. Exemplo disso são as recentes manifestações anticorrupção, realizadas por todo o país. Milhares de jovens, novamente de caras pintadas, cartazes às mãos, lutam por justiça, por ÉTICA.
Daí a importância de se resgatar a mobilização juvenil nos movimentos sociais e políticos do Brasil. Daí a necessidade de se reunir jovens para discutir o futuro dos jovens, de ouvir os anseios de um grupo considerado por tantos “o problema da sociedade”, ignorado e marginalizado por tanto tempo das decisões políticas.

A Conferência Nacional da Juventude, assim como as Conferências Estaduais e Municipais são imprescindíveis para que se defina, adequadamente, quais são os direitos da juventude, quais são as políticas e programas prioritários para garanti-los. Além disso, é uma oportunidade para que os próprios jovens apontem os seus problemas, as suas dificuldades e os seus anseios, cada qual conforme a sua realidade, repensando o individual e o coletivo para se alcançar uma sociedade melhor, mais justa e igualitária.

O Estado de Minas Gerais estará muito bem representado no evento. Mais de 100 jovens mineiros seguem amanhã para Brasília, com as propostas discutidas na Conferência Estadual, para apresentar as necessidades dos mineiros a todos os jovens do Brasil. Ao término da conferência será redigido documento que norteará as ações do governo para a juventude durante os próximos anos. Por isso, é de extrema importância que nós, sociedade como um todo, acompanhemos esse processo de perto, a fim de que possamos colaborar para que as decisões votadas pelos jovens sejam de fato aplicadas, e que como consequência tenhamos uma juventude com melhores oportunidades de crescimento e qualidade de vida.
E você, quer saber quais são os projetos e sonhos dos jovens brasileiros? Então acesse o site da 2ª Conferência Nacional da Juventude: http://www.juventude.gov.br/conferencia.
Para refletir, deixo uma frase da ilustre escritora Cora Coralina: “Acredito nos jovens à procura de caminhos novos abrindo espaços largos na vida. Creio na superação das incertezas deste fim de século”. 


Por Erika Ferreira


Fonte: Pensa Poços