Em busca da Verdade! Santo Agostinho
de Hipona representa bem o Homem pós-moderno, inquieto, insatisfeito e
desejoso, mesmo que não pareça ou queira ocultar, por algo mais
profundo, significativo, verdadeiro. Busca por um sentido maior, uma
razão, uma resposta para o seu vazio interior. O relativismo que tenta
abafar essa sede do homem não esta mais conseguindo calar a sua
consciência e necessidade do sobrenatural, de DEUS! Como diz o Salmo:
‘A palavra ainda não me chegou à língua e tu, SENHOR, já a conheces toda. Por trás e pela frente me envolves e pões sobre mim a tua mão. Para mim, tua sabedoria é grandiosa, alta demais, eu não a entendo. Para onde irei, longe do teu espírito? Para onde fugirei da tua presença? Se subo ao céu, lá estás, se desço ao abismo, aí te encontro. Se utilizo as asas da aurora para ir morar nos confins do mar, também lá tua mão me guia e me segura tua mão direita. Se eu digo: “Que ao menos a escuridão me esconda e que a luz se faça noite ao meu redor”; nem as trevas são escuras para ti e a noite é clara como o dia; para ti as trevas são como luz’ Cf. Sl138, 4-12).
Com a morte do pai, Agostinho procurou se
aprofundar nos estudos, principalmente na arte da retórica. Sendo
assim, depois de passar em Roma, tornou-se professor em Milão, onde
envolvido pela intercessão de Santa Mônica, acabou freqüentando, por
causa da oratória, os profundos e famosos Sermões de Santo Ambrósio. Até
que por meio da Palavra anunciada, a Verdade começou a mudar sua vida.
O seu processo de conversão recebeu um
“empurrão” quando, na luta contra os desejos da carne, acolheu o
convite: “Toma e lê”, e assim encontrou na Palavra de Deus (Romanos 13,
13 ss) a força para a decisão por Jesus: “… revesti-vos do Senhor Jesus Cristo… não vos abandoneis às preocupações da carne para lhe satisfazerdes as concupiscências”.
“Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti”
Grande és tu, Senhor, e sumamente
louvável; grande é a sua força, a tua sabedoria não tem limites! Ora, o
homem, esta parcela da criação, quer te louvar, este mesmo homem
carregado com sua condição mortal, carregado com o testemunho do seu
pecado e como o testemunho de que resistes aos soberbos. Ainda assim,
quer louvar-te o homem, esta a parcela de tua criação! Tu próprio o
incitas para que sinta prazer em louvar-te. Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti.
Dá-me, Senhor, saber e compreender o que
vem primeiro: o invocar-te? Começar por conhecer-te ou por invocar-te?
Mas quem te invocará sem te conhecer? Por ignorância, poderá invocar
alguém em lugar de outro. Será que é melhor seres invocado, para seres
conhecido? Como, porém, invocarão aquele em que não crêem? Ou como terão
fé, sem anunciante?
Louvarão o Senhor aqueles que o procuram.
Quem o procura encontra-o e tendo-o encontrado, louva-o. Buscar-te-ei,
Senhor, invocando-te; e invocar-te-ei crendo em ti. Tu nos foste
anunciado; invoca-te, Senhor, a minha fé, aquela que me deste, que me
inspiraste pela humanidade de teu Filho, pelo ministério de teu
pregador. Invocarei o meu Deus, o meu Deus e Senhor: mas como? Porque ao
invocá-lo eu o chamarei para dentro de mim.
Que lugar haverá em mim, aonde o meu Deus possa vir? Aonde virá Deus em mim, o Deus que fez o céu e a terra? Há então, Senhor, meu Deus, algo em mim que te possa conter?
O céu e a terra, que fizeste e nos quais me fizeste, são eles capazes
de te conter? Ou, se em ti nada existiria de quanto existe, é porque
tudo quanto existe te contém?
Portanto eu, que também existo que venho
de pedir tua vinda em mim, em mim que não existiria se não estivesses em
mim? Ainda não estou nas profundezas da terra e, no entanto, ali também
estás. Pois mesmo que desças às profundezas da terra, ali estás.
Não existiria, pois, meu Deus, de forma alguma existiria, se não
estivesse em mim. Ou melhor, não existiria eu se não existisse em ti, de
quem tudo, por quem tudo, em que todas as coisas existem? É assim
Senhor, é assim mesmo.
Para onde te chamo, se já estou em ti? Ou
donde virás para mim? Para onde me afastarei, fora do céu e da terra,
para que lá venha a mim o meu Deus, que disse: Eu encho o céu a terra?
Quem me dera descansa em ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus males, e abraçar-te a ti, meu único bem!
Quem és para mim? Perdoa-me, se falo. Que sou eu a teus olhos, para que
me ordenes amar-te e, se não o fizer, te indignares e ameaçares com
imensas desventuras? É acaso pequena desventura não te amar?
Ai de mim! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu pra mim? Dize à minha alma: Sou tua salvação.
Dize de forma a que ela te escute. Os ouvidos do meu coração estão
diante de ti, Senhor. Abre-os e dize à minha alma: Sou tua salvação. Correrei atrás destas palavras e segurar-te-ei. Não escondas de mim tua face. Morra eu, para que não morra, e assim possa contemplá-la!
.: Do livro: Alimento sólido Santo Agostinho – Bispo e Doutor da Igreja (Séc. V).
Por Padre Luizinho, Com. Canção Nova
Via Blog do padre Luizinho
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