terça-feira, 28 de agosto de 2012

Santo Agostinho: “Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti”

Em busca da Verdade! Santo Agostinho de Hipona representa bem o Homem pós-moderno, inquieto, insatisfeito e desejoso, mesmo que não pareça ou queira ocultar, por algo mais profundo, significativo, verdadeiro. Busca por um sentido maior, uma razão, uma resposta para o seu vazio interior. O relativismo que tenta abafar essa sede do homem não esta mais conseguindo calar a sua consciência e necessidade do sobrenatural, de DEUS! Como diz o Salmo:
‘A palavra ainda não me chegou à língua e tu, SENHOR, já a conheces toda. Por trás e pela frente me envolves e pões sobre mim a tua mão. Para mim, tua sabedoria é grandiosa, alta demais, eu não a entendo. Para onde irei, longe do teu espírito? Para onde fugirei da tua presença? Se subo ao céu, lá estás, se desço ao abismo, aí te encontro. Se utilizo as asas da aurora para ir morar nos confins do mar, também lá tua mão me guia e me segura tua mão direita. Se eu digo: “Que ao menos a escuridão me esconda e que a luz se faça noite ao meu redor”; nem as trevas são escuras para ti e a noite é clara como o dia; para ti as trevas são como luz’ Cf. Sl138, 4-12).

Com a morte do pai, Agostinho procurou se aprofundar nos estudos, principalmente na arte da retórica. Sendo assim, depois de passar em Roma, tornou-se professor em Milão, onde envolvido pela intercessão de Santa Mônica, acabou freqüentando, por causa da oratória, os profundos e famosos Sermões de Santo Ambrósio. Até que por meio da Palavra anunciada, a Verdade começou a mudar sua vida.
O seu processo de conversão recebeu um “empurrão” quando, na luta contra os desejos da carne, acolheu o convite: “Toma e lê”, e assim encontrou na Palavra de Deus (Romanos 13, 13 ss) a força para a decisão por Jesus: “… revesti-vos do Senhor Jesus Cristo… não vos abandoneis às preocupações da carne para lhe satisfazerdes as concupiscências”.

“Inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em ti”
Grande és tu, Senhor, e sumamente louvável; grande é a sua força, a tua sabedoria não tem limites! Ora, o homem, esta parcela da criação, quer te louvar, este mesmo homem carregado com sua condição mortal, carregado com o testemunho do seu pecado e como o testemunho de que resistes aos soberbos. Ainda assim, quer louvar-te o homem, esta a parcela de tua criação! Tu próprio o incitas para que sinta prazer em louvar-te. Fizeste-nos para ti e inquieto está nosso coração, enquanto não repousa em ti.
Dá-me, Senhor, saber e compreender o que vem primeiro: o invocar-te? Começar por conhecer-te ou por invocar-te? Mas quem te invocará sem te conhecer? Por ignorância, poderá invocar alguém em lugar de outro. Será que é melhor seres invocado, para seres conhecido? Como, porém, invocarão aquele em que não crêem? Ou como terão fé, sem anunciante?
Louvarão o Senhor aqueles que o procuram. Quem o procura encontra-o e tendo-o encontrado, louva-o. Buscar-te-ei, Senhor, invocando-te; e invocar-te-ei crendo em ti. Tu nos foste anunciado; invoca-te, Senhor, a minha fé, aquela que me deste, que me inspiraste pela humanidade de teu Filho, pelo ministério de teu pregador. Invocarei o meu Deus, o meu Deus e Senhor: mas como? Porque ao invocá-lo eu o chamarei para dentro de mim.
Que lugar haverá em mim, aonde o meu Deus possa vir? Aonde virá Deus em mim, o Deus que fez o céu e a terra? Há então, Senhor, meu Deus, algo em mim que te possa conter? O céu e a terra, que fizeste e nos quais me fizeste, são eles capazes de te conter? Ou, se em ti nada existiria de quanto existe, é porque tudo quanto existe te contém?
Portanto eu, que também existo que venho de pedir tua vinda em mim, em mim que não existiria se não estivesses em mim? Ainda não estou nas profundezas da terra e, no entanto, ali também estás. Pois mesmo que desças às profundezas da terra, ali estás. Não existiria, pois, meu Deus, de forma alguma existiria, se não estivesse em mim. Ou melhor, não existiria eu se não existisse em ti, de quem tudo, por quem tudo, em que todas as coisas existem? É assim Senhor, é assim mesmo.
Para onde te chamo, se já estou em ti? Ou donde virás para mim? Para onde me afastarei, fora do céu e da terra, para que lá venha a mim o meu Deus, que disse: Eu encho o céu a terra?
Quem me dera descansa em ti! Quem me dera vires a meu coração, inebriá-lo a ponto de esquecer os meus males, e abraçar-te a ti, meu único bem! Quem és para mim? Perdoa-me, se falo. Que sou eu a teus olhos, para que me ordenes amar-te e, se não o fizer, te indignares e ameaçares com imensas desventuras? É acaso pequena desventura não te amar?
Ai de mim! Dize-me, por compaixão, Senhor meu Deus, o que és tu pra mim? Dize à minha alma: Sou tua salvação. Dize de forma a que ela te escute. Os ouvidos do meu coração estão diante de ti, Senhor. Abre-os e dize à minha alma: Sou tua salvação. Correrei atrás destas palavras e segurar-te-ei. Não escondas de mim tua face. Morra eu, para que não morra, e assim possa contemplá-la!
.: Do livro: Alimento sólido Santo Agostinho – Bispo e Doutor da Igreja (Séc. V).

Oração: Tarde te Amei! Tarde vos amei, ó beleza tão antiga e tão nova, Tarde vos amei! Eis que habitáveis dentro de mim, e eu lá fora procurando-vos! Disforme, lançava-me sobre estas formosuras que criastes. Estáveis comigo, e eu não estava convosco! Retinha-me longe de Vós aquilo que não existia se não existisse em Vós. Porém, chamastes-me com uma voz tão forte que rompestes a minha surdez! Brilhastes cintilantes, e logo afugentastes a minha cegueira! Exalastes perfume: Respirei-o suspirando por Vós. Tocastes-me e ardi no desejo de Vossa paz! Só na grandeza de Vossa misericórdia coloco toda a minha esperança. Daí-me o que me ordenais, e ordenai-me o que quiserdes.

Por Padre Luizinho, Com. Canção Nova

Via Blog do padre Luizinho

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