Ser fortes de ânimo ajuda
a suportar as dificuldades e superar nossos limites. Para os cristãos,
Cristo é o exemplo para viver uma virtude que abre a porta a muitas
outras.
“Através das dificuldades, às estrelas”. Esta conhecida frase de Sêneca expressa de modo gráfico a experiência humana de que, para conseguir o melhor, há que se esforçar, de que “o que vale, custa”, de que é preciso lutar para vencer os obstáculos e arestas que nunca deixam de se apresentar ao longo da vida, para poder alcançar os bens mais altos.
Muitas peças literárias de diversas culturas exaltam a figura do herói, que encarna de algum modo aquelas palavras da sabedoria latina, que qualquer pessoa desejaria também para si: nil difficile volenti, nada é difícil para aquele que quer.
Assim pois, no nível humano, a fortaleza é valorizada e admirada. Essa virtude, que anda de mãos dadas com a capacidade de sacrificar-se, tinha entre os antigos um perfil bem definido. O pensamento grego considerava a “andreia” como uma das virtudes cardeais, que modera os sentimentos de combate próprios do apetite irascível, e assim dá vigor ao homem para buscar o bem, mesmo que seja difícil e árduo, sem que o medo o detenha.
Pertence também à experiência humana a constatação da debilidade de nossa condição, que constitui, em certo sentido, a outra face da moeda da virtude da fortaleza. Muitas vezes temos de reconhecer que não fomos capazes de realizar tarefas que teoricamente estavam ao nosso alcance.
Dentro de nós encontramos a tendência a nos acomodar, a sermos condescendentes conosco, a renunciar ao que é trabalhoso pelo esforço que comporta. Em outras palavras, a natureza humana, criada por Deus para o cume porém ferida pelo pecado, é capaz de grandes sacrifícios ao mesmo tempo que de grandes transigências.A Revelação cristã oferece uma resposta cheia de sentido a essa condição paradoxal da qual trata nossa existência. De um lado, assume os valores próprios da virtude humana da fortaleza, que é louvada em numerosas ocasiões na Bíblia. Já na literatura sapiencial se fazia eco dela, ao dar a entender, sob a forma de uma pergunta retórica no livro de Jó, que a vida do homem sobre a terra é uma luta (Jó 7, 1).
Com frase em certo sentido misteriosa, Jesus disse, falando do Reino de Deus, que o alcançam os que se fazem violência: violenti rapiunt (Mt 11,12). Esta ideia ficou plasmada na iconografia medieval, como acontece por exemplo na capela de todos os santos de Regensburg, onde a imagem que representa a fortaleza luta contra um leão.
Ao mesmo tempo, são numerosos os textos da Escritura que sublinham como as diversas manifestações de um comportamento forte (paciência, perseverança, magnanimidade, audácia, firmeza, franqueza, e inclusive a disposição de dar a vida) provém e só podem ser mantidas se estão ancoradas em Deus: “quia tu es fortitudo mea”, por que Tu és minha fortaleza(cf Sl 71, 3). Em outras palavras, a experiência cristã ensina que “toda a nossa fortaleza é emprestada”(São Josemaria, Caminho, n. 728.).
São Paulo expressa de modo certeiro este paradoxo, no qual se entrelaçam os aspectos humanos e sobrenaturais da virtude: “quando estou fraco, então é que sou forte”, já que, como assegurou o Senhor: “sufficit tibi gratia mea, nam virtus in infirmitate perficitur, basta-te minha graça, por que é na fraqueza que se revela a minha força” (2 Cor 12, 9-10).
O modelo e fonte da fortaleza para o cristão é portanto o próprio Cristo, que não só oferece com suas ações um exemplo constante que chega ao extremo de dar a própria vida por amor aos homens (Jo 13, 15 e 15, 13.), mas que além disso afirma: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 5, 5).
Assim, a fortaleza cristã torna possível o seguimento de Cristo, um dia após o outro, sem que o temor, o prolongamento do esforço, os sofrimentos físicos ou morais, os perigos, obscureçam no cristão a percepção de que a verdadeira felicidade está em seguir a vontade de Deus, ou o afastem dela. A advertência de Jesus Cristo é clara: “Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus” (Jo 16, 2).
Desde o começo os cristãos consideraram uma honra sofrer o martírio, pois reconheciam que os levavam a uma plena identificação com Cristo. A Igreja manteve ao longo da história uma tradição de particular veneração pelos mártires, que por especial disposição da Providência derramaram seu sangue para proclamar sua adesão a Jesus, oferecendo assim o maior exemplo não só de fortaleza, mas também de testemunho cristão (Catecismo da Igreja Católica, n. 2473).
Mesmo que não tenham faltado em cada época histórica, incluída a nossa, essas testemunhas do Evangelho, o fato é que, na vida corrente na qual a maior parte dos cristãos se encontra, dificilmente chegaremos a essas condições.
Não obstante, como recordava Bento XVI, há também um “martírio da vida cotidiana”, de cujo testemunho o mundo de hoje está especialmente necessitado: “o testemunho silencioso e heroico de tantos cristãos que vivem o Evangelho sem compromissos, cumprindo seu dever e dedicando-se generosamente ao serviço aos pobres”.
Neste sentido, o olhar se dirige à Santa Maria, pois Ela esteve ao pé da Cruz de seu Filho, dando exemplo de extraordinária fortaleza sem padecer a morte física, de modo que pode dizer-se que foi mártir sem morrer, segundo o teor de uma antiga oração litúrgica. “Admira a firmeza de Santa Maria: ao pé da cruz, com a maior dor humana – não há dor como a sua dor -, cheia de fortaleza.- E pede-lhe dessa firmeza, para que saibas também estar junto da Cruz. (São Josemaria, Caminho, n. 508).
Santi S. “Através das dificuldades, às estrelas”. Esta conhecida frase de Sêneca expressa de modo gráfico a experiência humana de que, para conseguir o melhor, há que se esforçar, de que “o que vale, custa”, de que é preciso lutar para vencer os obstáculos e arestas que nunca deixam de se apresentar ao longo da vida, para poder alcançar os bens mais altos.
Muitas peças literárias de diversas culturas exaltam a figura do herói, que encarna de algum modo aquelas palavras da sabedoria latina, que qualquer pessoa desejaria também para si: nil difficile volenti, nada é difícil para aquele que quer.
Assim pois, no nível humano, a fortaleza é valorizada e admirada. Essa virtude, que anda de mãos dadas com a capacidade de sacrificar-se, tinha entre os antigos um perfil bem definido. O pensamento grego considerava a “andreia” como uma das virtudes cardeais, que modera os sentimentos de combate próprios do apetite irascível, e assim dá vigor ao homem para buscar o bem, mesmo que seja difícil e árduo, sem que o medo o detenha.
Pertence também à experiência humana a constatação da debilidade de nossa condição, que constitui, em certo sentido, a outra face da moeda da virtude da fortaleza. Muitas vezes temos de reconhecer que não fomos capazes de realizar tarefas que teoricamente estavam ao nosso alcance.
Dentro de nós encontramos a tendência a nos acomodar, a sermos condescendentes conosco, a renunciar ao que é trabalhoso pelo esforço que comporta. Em outras palavras, a natureza humana, criada por Deus para o cume porém ferida pelo pecado, é capaz de grandes sacrifícios ao mesmo tempo que de grandes transigências.A Revelação cristã oferece uma resposta cheia de sentido a essa condição paradoxal da qual trata nossa existência. De um lado, assume os valores próprios da virtude humana da fortaleza, que é louvada em numerosas ocasiões na Bíblia. Já na literatura sapiencial se fazia eco dela, ao dar a entender, sob a forma de uma pergunta retórica no livro de Jó, que a vida do homem sobre a terra é uma luta (Jó 7, 1).
Com frase em certo sentido misteriosa, Jesus disse, falando do Reino de Deus, que o alcançam os que se fazem violência: violenti rapiunt (Mt 11,12). Esta ideia ficou plasmada na iconografia medieval, como acontece por exemplo na capela de todos os santos de Regensburg, onde a imagem que representa a fortaleza luta contra um leão.
Ao mesmo tempo, são numerosos os textos da Escritura que sublinham como as diversas manifestações de um comportamento forte (paciência, perseverança, magnanimidade, audácia, firmeza, franqueza, e inclusive a disposição de dar a vida) provém e só podem ser mantidas se estão ancoradas em Deus: “quia tu es fortitudo mea”, por que Tu és minha fortaleza(cf Sl 71, 3). Em outras palavras, a experiência cristã ensina que “toda a nossa fortaleza é emprestada”(São Josemaria, Caminho, n. 728.).
São Paulo expressa de modo certeiro este paradoxo, no qual se entrelaçam os aspectos humanos e sobrenaturais da virtude: “quando estou fraco, então é que sou forte”, já que, como assegurou o Senhor: “sufficit tibi gratia mea, nam virtus in infirmitate perficitur, basta-te minha graça, por que é na fraqueza que se revela a minha força” (2 Cor 12, 9-10).
O modelo e fonte da fortaleza para o cristão é portanto o próprio Cristo, que não só oferece com suas ações um exemplo constante que chega ao extremo de dar a própria vida por amor aos homens (Jo 13, 15 e 15, 13.), mas que além disso afirma: “sem mim nada podeis fazer” (Jo 5, 5).
Assim, a fortaleza cristã torna possível o seguimento de Cristo, um dia após o outro, sem que o temor, o prolongamento do esforço, os sofrimentos físicos ou morais, os perigos, obscureçam no cristão a percepção de que a verdadeira felicidade está em seguir a vontade de Deus, ou o afastem dela. A advertência de Jesus Cristo é clara: “Expulsar-vos-ão das sinagogas, e virá a hora em que todo aquele que vos tirar a vida julgará prestar culto a Deus” (Jo 16, 2).
Desde o começo os cristãos consideraram uma honra sofrer o martírio, pois reconheciam que os levavam a uma plena identificação com Cristo. A Igreja manteve ao longo da história uma tradição de particular veneração pelos mártires, que por especial disposição da Providência derramaram seu sangue para proclamar sua adesão a Jesus, oferecendo assim o maior exemplo não só de fortaleza, mas também de testemunho cristão (Catecismo da Igreja Católica, n. 2473).
Mesmo que não tenham faltado em cada época histórica, incluída a nossa, essas testemunhas do Evangelho, o fato é que, na vida corrente na qual a maior parte dos cristãos se encontra, dificilmente chegaremos a essas condições.
Não obstante, como recordava Bento XVI, há também um “martírio da vida cotidiana”, de cujo testemunho o mundo de hoje está especialmente necessitado: “o testemunho silencioso e heroico de tantos cristãos que vivem o Evangelho sem compromissos, cumprindo seu dever e dedicando-se generosamente ao serviço aos pobres”.
Neste sentido, o olhar se dirige à Santa Maria, pois Ela esteve ao pé da Cruz de seu Filho, dando exemplo de extraordinária fortaleza sem padecer a morte física, de modo que pode dizer-se que foi mártir sem morrer, segundo o teor de uma antiga oração litúrgica. “Admira a firmeza de Santa Maria: ao pé da cruz, com a maior dor humana – não há dor como a sua dor -, cheia de fortaleza.- E pede-lhe dessa firmeza, para que saibas também estar junto da Cruz. (São Josemaria, Caminho, n. 508).
http://www.opusdei.org.br
Via Canção Noiva
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