Ouvindo a frase da poetisa mineira Adélia Prado de que “o amor não é um caso médico” fui remetido a uma tentativa de pensar o amor não de uma forma abstrata e conceitual, mas existencial.
Por que se trai? Por que há pedidos de casamentos, mas de preferência que um cônjuge não interfira na vida do outro? Por que simplesmente se ama? Por que se vê o rosto, mas não se olha? Por que não se encontra sentido nas flores entregues, no abraço cúmplice, no sorriso doce? Por que se fala tanto dos sintomas físicos, psíquicos e terapêuticos do amor? Por que se acredita que a convivência direta empobrece a relação? Por que o amor está tão intolerante hoje? Por que o amor está tão imaturo? Por quê? Por quê?
O amor é doação, é entrega, ele é plenitude. E essa plenitude inclui não só os aspectos belos, mas a miséria do dia-a-dia. Deve-se amar em plenitude, a totalidade. Não podemos e não devemos reduzir o amor e a pessoa à teorias pessoais. Não podemos bloquear os nossos sentimentos!
O que se quer hoje? Quer-se viver um amor sem mimos, sem parada, sem descanso. Sonham com amores frenéticos, loucos e perfeitos; mas esquecem que estamos à mercê das imperfeições da vida.
Antes um amor “feio”, que cuida do essencial a um amor “perfeito e lindo”, mas que é incapaz de sorrir a dois, chorar e a dois, silenciar e ficar abraçados. Não é decretar o fim das doces ilusões, mas o alvorecer da esperança. Não se pode colocar algo tão belo e bom como o amor em uma caixa para dispor dele ao bel-prazer e só abrir essa caixa de vez em quando, perdendo a chance de aproveitá-lo completamente.
Geraldo Trindade
Bacharel em Filosofia, estudante de teologia no Seminário de Mariana, mantém o blog: http://pensarparalelo.blogspot.com
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